PANACÉIA DELIRANTE

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Febre


“Se a felicidade existe, eu só sou feliz enquanto me queimo e quando a pessoa se queima não é feliz. A própria felicidade é dolorosa.”

Tentei escrever três diferentes textos para definir esse estado de espírito que tão singelamente Vinicius descreve.

Quando a sensação de vida me arrebata, tudo se converte em uma experiência sinestésica. Todos os dias são de sol! A excitação toma conta de tudo e tudo vibra na harmonia do caos (e isso existe?)

Porém, quando não nos dá descanso, a alegria transforma-se em angustia. O sol passa a queimar a pele. A alegria vira insônia e o corpo pede descanso de si mesmo.
- Água, tragam água!
- Preciso desabafar!
- Gritar!
- Dançar!
- Correr!
- Matar!
- Morrer!

Sim, poetinha, a felicidade pode doer. Por isso é preciso, na arte de ser feliz: curtir, CUrtir, CURtir, CURTir, GOZAR... e dormir.
Boa noite, poetinha.

2 comentários:

Eduardo Medeiros disse...

A alegria nos dá descanço nas inevitáveis perdas que deixamos pela vida.

Mas viver a vida em si, deveria ser um ato sempre de alegria.

As perdas invevitáveis farão seu trabalho e nos avisará de quando em quando que esse estado de graça não pode ser permanente.

Lara Couto disse...

Acredito, mas a alegria a que me refiro aqui é aquela que "queima", nas palavras de Vinicius. A alegria que não cabe dentro de nós. É preciso gritar, fazer ginástica, comer a cozinha toda, ligar para o amigo, fazer faxina...

A alegria que ferve o sangue e vira angústia.

Desconfio que somos pouco preparados para a intensidade...
preparados para a intencidades