PANACÉIA DELIRANTE

terça-feira, 15 de março de 2016

Ele é de direita e ela é de esquerda.

Ele é de direita e ela é de esquerda.
Eu tenho um grande (grande) amigo que é de direita. Mesmo depois do Lula ser eleito e reeleito, da Dilma ser eleita e reeleita, mesmo com a roda gigante da economia.
Meu amigo é formidável. Ele nunca me chamou de petralha, alienada, burra, inocente ou vagabunda. Nunca disse que nordestino é ignorante, manipulado, que troca voto por bolsa família. Meu amigo é nordestino e não traça estereótipos.
Eu também nunca chamei meu amigo de coxinha, fascista, escravocrata, atrasado... Eu não diminuo o meu amigo, a gente conversa: concordando em discordar.
Meu amigo não me manda mensagens de efeito ou gifts ofensivos. Ele não me envia material de fonte duvidosa. Não manda nada da Veja, pois sabe que nem leio. Mas de vez em quando me manda uns links fundamentados, defendendo a visão de direita. Eu leio e a gente debate. E eu mando links de reportagens defendendo a visão contrária. Ele lê e a gente debate.
Meu amigo nunca me excluiu do face, ou me bloqueou. Na verdade, a gente nunca debate pelo face: preferimos tomar cerveja.
Meu amigo reconhece as transformações sociais e educacionais dos últimos anos. Mas discorda da falta de postura do governo diante da crise. Eu reconheço. Meu amigo não é extremista, não é simplista e detesta discursos de ódio.

Eu amo muito meu amigo por isso. 

quinta-feira, 10 de março de 2016

Se saia!

 - O que você a acha de fulano?
- Rapaz, SE SAIA!

Eu não sei se no Espírito Santo o pessoal usa a expressão “se saia”, e nem por que eu comecei a pensar nesse assunto antes de dormir. Mas vamos lá: Na Bahia (pelo menos) o verbo sair foi repaginado e ganhou um plus através do pronome reflexivo “se”. Assim, o baiano safo pode escolher entre sair meramente de algo ou ir além, “se saindo” daquela situação.
 “Se sair” é a sabedoria da saída em sua versão mais urgente. É que não basta sair de algumas situações, é preciso “se sair”: sem DR, sem redução de danos, sem maiores explicações:
 Apenas SE SAIA, que vai dar merda. Ou SE SAIA, por que já deu merda.

Eu não era iniciada à prática de “me sair” até 2015. Sou daquelas que tenta consertar, conversar, perdoar, remediar. Mas como já disse, “se sair” é sábio. É o desapego forçado, muitas vezes sofrido e altamente necessário.