PANACÉIA DELIRANTE

domingo, 30 de maio de 2010

Fim das pedras:

Esse final de semana foi o último das duas peças em que estava em cartaz:

“Atire a primeira pedra”
“A pedra do meio dia”

Fim de temporada sempre é um misto de sentimento de “dever cumprido” e alegria. Nesse final de semana, não poderia ser diferente.
Durante as despedidas, naquela comoção toda, me veio o pensamento:

“É tão bom ser feliz com as pessoas certas...”

Nas duas equipes, encontrei mais que profissionalismo, havia afeto. Trabalhar com afeto é outra coisa (quer dizer, qualquer coisa com afeto é mais gostoso). Nessa hora, só lembro de Vinicius (de Morais):

“A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida”

E encontrar pessoas tão disponíveis, é assim... Uma Brastemp! Obrigada a todos os que contribuíram para esse sentimento que habita em mim nesta noite de domingo que, sim:

Foi a mais linda do mundo!

sábado, 29 de maio de 2010

Todo o Sentimento



Uma das peças que eu estou ensaiando é dividida em quatro capítulos:

1 – O riso
2 – A vida
3- O amor
4 – A morte

Ontem, começamos a construir o AMOR (a cena). Cada atriz logo de início escolheu uma música que o representasse. Foi então que Lílith disse:

“Escolhi essa música por que ela trata da trajetória de um amor:
Que nasce e, não digo que morre,
Mas deixa de estar...”

A música era Todo o Sentimento, de Chico:

“Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente.
Preciso conduzir
Um tempo de te amar,
Te amando devagar e urgentemente.
Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez,
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez.
Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente...
Prefiro, então, partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.
Depois de te perder,
Te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada;
Nada aconteceu.
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.”

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Passione




Estou em processo de montagem de dois espetáculos teatrais. Em ambos, um assunto é recorrente, embora as abordagens sejam diferentes:
            O amor.
            Discutir a afirmação ou a negação desse sentimento: o amar, o mal-amar, o amor livre ou possessivo... Tudo isso tem me deixado muito romântica, muito.
            Hoje, no final do ensaio de Dorotéia, Hebe Alves cantarolou uma música que não conhecia.  
“Quem podia imaginar
Que o amor fosse um delírio seu
E o meu fosse acreditar”

É de Lenine. O nome é “Nem o sol, nem a lua, nem eu”.
É uma canção meio praieira, nas palavras do próprio. Lenine brincando de ser Caymmi
O vídeo está aqui em cima, para quem quiser ver (cantado por ele e Bethânia).

E já que o tema é o amor/ilusão, vou citar uma música de Jorge Vercilo, também

“Vi um sol nascer
Pelos olhos seus
Me deixei levar
Eu não refleti
Que era a luz dos meus
Refletida em ti”

Por coincidência, enquanto a outra canção fala de delírio, o nome dessa é “Devaneio”. O refrão é famosinho:

“Foi um devaneio meu
Um veraneio seu
E um outono inteiro em minhas mãos”...

Pois é... Os ensaios prosseguem e a cabeça ferve. Mais tarde volto para fala do amor possessivo e do amor livre (meu preferido!)

Sim, eu sou!

Ontem foi o dia do orgulho Nerd.

 Para todos os que saíram do armário e se assumiram.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Editais editais editais...

Na minha carteira de trabalho consta: ATRIZ.
Por que então estou em frente à um computador, 01:30 h, trabalhando? Sim, eu poderia estar dormindo, afinal ensaiei durante os três turnos e mereço descansar. Mas tenho que escrever projetos. Enquanto espero a ultima atualização ficar pronta para poder continuar a labuta, vou escrevendo nesse blog.
Para quem não sabe o que é um edital cultural, nem a finalidade de um projeto, explico: É um concurso público para propostas artísticas. Nele, pessoas físicas ou jurídicas competem para conseguir financiamento para realizar uma idéia na área de teatro, musica, dança, circo, poesia etc.
O prêmio da vez é o FUNARTE MYRIAM MUNIZ, que encerra suas inscrições na quarta-feira. Nesse momento, centenas de artistas estão virando a noite, fazendo orçamentos, cronogramas, calculando impostos... A burocracia não poupa ninguém, meu chapa!
Agora já são 2:20 e a cabeça já começou a falhar: escrevi que Quito fica no Peru (é no Equador), errei a nacionalidade de outro ator... Um horror! Ainda bem que existe alguém para fazer a revisão. Mas como esse alguém também está ficando “grog” de sono, a coisa fica meio arriscada.
E...
Pronto! Por hoje é só. Agora é dormir e seguir em frente. Existem muitos editais abertos (o por abrir) e é preciso estar atento e forte. Merda para mim e para todos os produtores nascidos à pulso, como eu. Merda para o Teatro Baiano!

domingo, 23 de maio de 2010

Isso não é um conto, mas como gostaria que fosse...

Aconteceu com um amigo meu, que não é daqui. Acho que foi no carnaval. Por acaso, ele passou por um posto policial no exato momento em que um homem urinava na rua. Irritado com esse costume asqueroso e surpreso com a audácia do rapaz, meu amigo resolveu perguntar para o policial por que a policia não abordava o dito cujo. Eis a resposta:

- Você quer me ensinar a fazer meu trabalho?
- Não... Eu só queria saber mesmo por que as pessoas na Bahia urinam na rua e ninguém faz nada...
- Pois fique sabendo que na nossa cultura é assim mesmo. Você tem que respeitar! Respeite nossa cultura!


Que chato, não é... Alguém precisa avisar ao nosso secretário da cultura, Márcio Meirelles, que falta de higiene é cultura. Eu, por exemplo, não sabia. Agora que já sei, olharei com orgulho para os indivíduos que insistem em compartilhar o cheiro fétido de seus excrementos com a sociedade. Posso até achar exótico! Uma manifestação de nossas origens mais primitivas; costume que, sem dúvidas, deveria ser tombado!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Promoção

Quando a regra é vender, vale tudo! O capitalismo selvagem toma conta de todas as áreas comerciais e não perdoa. Eu acho ótimo, porque, se o consumidor não sai lucrando, pelo menos dá umas boas risadas. Citarei agora três promoções fantásticas que descobri por esses tempos:

1 -
No começo do mês, passei em frente a uma sex shop, quando vi o cartaz:

PROMOÇÃO DE DIA DAS MÃES!

Sex shop? Dia das mães? A idéia é dar um vibrador, uma calcinha comestível, um consolo? Colocava logo um slogan:

NESSE DIA DAS MÃES, SURPREENDA!

A minha ficaria bastante surpresa, não tenho a menor dúvida disso.

2-
A nova promoção da Vivo:

SE O PELÉ LIGAR PARA VOCÊ, VOCÊ GANHA UMA CAMISA.

Por que diabos Pelé ligaria para mim? Quem pensou nisso? E pior: partindo da opinião de que deve ser uma gravação, Pelé pode me ligar às quatro da madruga, pode ligar durante o banho, durante o sexo, durante uma entrevista de emprego! Coitado do craque, super inconveniente.
3 –
LATAS FALANTES DA SKOL.

Pelo amor de Deus, gente! Para que investir nesse tipo de tecnologia? Ou é rádio, ou é cerveja. Esse tipo de experiência sinestésica, para mim, é pura bobagem!

sábado, 15 de maio de 2010

Considerações sobre saudade

Saudade é uma coisa engraçada: é um sentimento que ando sentindo (e matando) bastante. Matei as saudades de Atire a Primeira Pedra, que voltou em cartaz, e de minhas amigas de infância, que encontrei hoje - agente não se via desde o início do ano.

Ao encontrá-las, a saudade – que deveria diminuir – aumentou! Esse curioso acontecimento me inspirou a traçar quatro características desse troço que nos persegue:

Primeiro: É um sentimento didático! Primeiro agente percebe o quanto a pessoa nos faz falta, damos um abraço quase agoniado, para finalmente a dor ser assassinada pela presença do outro.
- Vê se aprende e não desaparece de novo! – Diz a saudade
Mas, agente nunca aprende. E por isso, ela sempre dói.

Outra coisa: é um sentimento fantasioso: rapidamente descobrimos que sentimos saudade de outra pessoa, muito parecida com aquela com quem estamos, mas pintada pela memória e pelo afeto, dois especialistas na arte de iludir. Por sorte, sempre que encontro as meninas, acho-as ainda mais interessantes do que me lembrava (o que, infelizmente, não ocorre com todos).

Terceira coisa: É um sentimento confuso. Saudade é irmã (gêmea, mas não univitelina) do saudosismo. Sentir saudade do que se viveu com a pessoa, não é sentir saudades da pessoa, embora possa ser as duas coisas. Porém, acho bom tentar separar o joio do trigo, ainda que a título de reflexão.

Por fim, saudade não se mata. Se a esperança é a última que morre, saudade nem isso. Esta fica de herança para os que não ficaram nessa aventura terrena. O melhor exemplo disso sou eu, que já estou com saudades das meninas outra vez...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Porque não posso morar em Londres


Ontem, meu quarto virou um aquário de saudades. Ainda bem que faz sol e está quase tudo seco.

domingo, 9 de maio de 2010

Bom dia!

É dia das mães
Coloquei o sono em dia
Faz sol em Salvador, o tempo está quente
Vou almoçar fora
O resto, ainda não sei
...
Acabei de chegar em casa.
...
Hoje tem espetáculo.
Na minha cabeça, uma dúvida
Em meu íntimo, uma vontade.
E a espera de uma inesperada revolução
Um susto
Hoje é domingo
Mas amanhã será segunda?

sexta-feira, 7 de maio de 2010

In memoriam

O poema abaixo pertence à Renata de Aragão Lopes. Ela possui um blog chamado "Doce de Lira", onde posta suas poesias.

Dedicado à memória de Licia Couto, a minha tia mais despudorada, que pulou a janela da vida e partiu nessa madrugada. Vai passar o fim de samana no céu: um céu repleto de cachorros e palavrões...


Lágrimas
a cada partida.
E choramos
não pela morte,
mas pela brevidade
da vida.
Os que vão
deixam rastros
que não passarão
àqueles a que deixarei
os meus.
A saudade
dura pouco
além do adeus...
Levarei comigo,
é bem possível,
eu sei,
os últimos vestígios
daqueles por quem chorei.

Leia mais: http://docedelira.blogspot.com/search?updated-max=2009-11-10T00%3A38%3A00-02%3A00&max-results=7#ixzz0n1F9gU1X

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Vícios

Todo mundo tem uma mania, ou algum hábito pouco saudável. Eu como o meu dedo. Vou arrancando a pele ao redor da unha; muitas vezes deixo-a em carne viva. Quando estou ansiosa, sou capaz de arrancar a pele de todos os dedos (menos os do pé, pois me resta algum senso de higiene).

Ontem, durante uma leitura, no ensaio, estava eu, distraidamente, fazendo meu canibalismo pessoal, quando percebi que a ferida latejava.

- Ai... Droga! Como dói.

Foi mais tarde que percebi: na verdade, o ferimento estava pulsando. Na ponta do meu dedo, senti meu coração batendo – senti na ferida aberta, na carne viva.

A pulsação não durou muito, em pouco tempo a ferida se tornou um machucado comum, tão chato quanto à dos outros dedos. Entrou para minha a coleção. Perdeu seu brilho.

Quantas chagas não são abertas na esperança de se obter essas pequenas epifanias?