PANACÉIA DELIRANTE

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

domingo, 15 de setembro de 2013

Eu por mim mesma


Sou uma pessoa que gosta de praia e bolacha com geleia.
...
...
...
Do resto, não tenho certeza

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Encruzilhada

- Como se chama isso, dona?
- Isso é encruzilhada
- Pra que serve?
- Pra escolher.
- E como faz?
- Tome um rumo e vá seguindo
- Oxe! Tomo nada.
- Então faz como?
- De cada estrada eu tiro um gole. Percorro um tanto de cada caminho. Se der na telha, eu volto. Ando por todas as estradas, mas não escolho nenhuma.
- Assim, cê nunca é que chega.
- Pra mim, não faz mal, não. Eu só tomo o prumo que mandar meu coração.
- E por que não pergunta agora.
- Porque ele ainda não sabe. Meu coração é muito confuso, demora uma decisão. Bem, eu vou indo. Quanto mais cedo vou, mais cedo eu volto. Inté!
- Inté!
- E tu? Não anda não?
- Eu não, só espero.
- Por quem?
- Pela volta dos arrependidos. Quem sabe alguém desiste de ser errante e se quede como eu? Meu caminho findou aqui, no começo de sua estrada. Te desejo boa sorte, qualquer coisa beba água.
- Esse é um conselho estranho.
- No familiar, não se repara.
- Faz sentido
- Antes não fizesse...
- Adeus!

- Inté breve.  

Encruzilhada

- Como se chama isso, dona?
- Isso é encruzilhada
- Pra que serve?
- Pra escolher.
- E como faz?
- Tome um rumo e vá seguindo
- Oxe! Tomo nada.
- Então faz como?
- De cada estrada eu tiro um gole. Percorro um tanto de cada caminho. Se der na telha, eu volto. Ando por todas as estradas, mas não escolho nenhuma.
- Assim, cê nunca é que chega.
- Pra mim, não faz mal, não. Eu só tomo o prumo que mandar meu coração.
- E por que não pergunta agora.
- Porque ele ainda não sabe. Meu coração é muito confuso, demora uma decisão. Bem, eu vou indo. Quanto mais cedo vou, mais cedo eu volto. Inté!
- Inté!
- E tu? Não anda não?
- Eu não, só espero.
- Por quem?
- Pela volta dos arrependidos. Quem sabe alguém desiste de ser errante e se quede como eu? Meu caminho findou aqui, no começo de sua estrada. Te desejo boa sorte, qualquer coisa beba água.
- Esse é um conselho estranho.
- No familiar, não se repara.
- Faz sentido
- Antes não fizesse...
- Adeus!

- Inté breve.  

terça-feira, 21 de maio de 2013

Latidos de dor


A primeira dor que a menina sentiu foi a de uma topada. Bateu o dedo numa pedra e urrou de dor sem nem mesmo saber o que era aquilo. Quando perguntaram: “Está doendo?” ela incorporou aquele conceito ao seu vocabulário.
A segunda dor que a menina sentiu, também foi de uma topada. Quando perguntaram: “Está doendo?” Ela respondeu: “Dói e passa, dói e passa, dói e passa”. “Está latejando”, disseram. E ela incorporou mais esse conceito ao seu parco vocabulário.
A terceira dor que a menina sentiu, entretanto, foi a de saudade. Na sua ânsia de experimentar as palavras aprendidas, ela colocou as mãos sobre o peito e disse num ar pesado:
- Está latindo, mamãe, está latindo muito...
A mãe, ao escutar como a menina conjugava erroneamente o verbo latejar, riu compulsivamente de sua situação. A pobre não conseguia entender de que maneira seu sofrimento podia ser engraçado. Envergonhada, ela se escondeu atrás do sofá, tendo como única companhia o seu cachorro Bidu, que aparentemente estava a par da situação, se mostrando muito solidário entre bocejos e lambidas.  

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Desabafo


Eu confesso, me inquieta um pouco não ter escrito uma palavra sobre isso.
Mas o que é uma palavra?
Ou ainda: o que é uma palavra escrita?
As pensadas, que são muitas, insistem em me orbitar nos momentos de ócio (ou os de distração)
Chegam tão insistentemente que parecem até o texto de algum espetáculo que estou ensaiando, mas que nunca vai estrear...
“Nunca vai estrear”... eu mesma quase não acredito no que escrevo/digo/penso.
Para alguém com o signo de terra, tanta indecisão pode ser uma evolução
Ou involução, quem sabe?
Ou até mesmo nada: é só eu mesma, em cima do muro, sozinha...
O muro às vezes é um lugar de conforto
Das duas uma: ou sou muito paciente ou muito tonta mesmo...

terça-feira, 2 de abril de 2013

Chão de giz

Há meros devaneios tolos a me torturar...

domingo, 10 de março de 2013

O QUE PASSOU, PASSOU?


O QUE PASSOU, PASSOU?
Antigamente, se morria.
1907, digamos, aquilo sim
é que era morrer.
Morria gente todo dia,
e morria com muito prazer,
já que todo mundo sabia
que o Juízo, afinal, viria
e todo o mundo ia renascer.
Morria-se praticamente de tudo.
De doença, de parto, de tosse.
E ainda se morria de amor,
como se amar morte fosse.
Pra morrer, bastava um susto,
um lenço no vento, um suspiro e pronto,
lá se ia nosso defunto
para a terra dos pés juntos.
Dia de anos, casamento, batizado,
morrer era um tipo de festa,
uma das coisas da vida,
como ser ou não ser convidado.
O escândalo era de praxe.
Mas os danos eram pequenos.
Descansou. Partiu. Deus o tenha.
Sempre alguém tinha uma frase
que deixava aquilo mais ou menos.
Tinha coisas que matavam na certa.
Pepino com leite, vento encanado,
praga de velha e amor mal curado.
Tinha coisas que têm que morrer,
tinha coisas que têm que matar.
A honra, a terra e o sangue
mandou muita gente praquele lugar.
Que mais podia um velho fazer,
nos idos de 1916,
a não ser pegar pneumonia,
e virar fotografia?
Ningém vivia pra sempre.
Afinal, a vida é um upa.
Não deu pra ir mais além.
Quem mandou não ser devoto
de Santo Inácio de Acapulco,
Menino Jesus de Praga?
O diabo anda solto.
Aqui se faz, aqui se paga.
Almoçou e fez a barba,
tomou banho e foi no vento.
Agora, vamos ao testamento.
Hoje, a morte está difícil.
Tem recursos, tem asilos, tem remédios.
Agora, a morte tem limites.
E, em caso de necessidade,
a ciência da eternidade
inventou a criônica.
Hoje, sim, pessoal, a vida é crônica.

Paulo Leminski
(1944-1989)



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Narcisismo


Lua cheia no céu,
Quem estará pensando em mim?

O valor das coisas


domingo, 24 de fevereiro de 2013

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Auto-censura




Ai, como me dói a palavra impaciente
Batendo na boca querendo sair
Calma – diz a mente
O lábio resiste (quente)
E o verbo fica ali
Querendo falar
E eu querendo engolir.
Desejo de expressão..
Espera a hora – diz a mente
Espero não – o coração.
Mas a garganta toma partido,
Então vence a razão:
Dito pelo não dito,
Espero em silêncio
O momento certo,
Ou a distração.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Não se detenha

Vou abrir um vinho
Pra que você venha!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Esperança!

Quando eu sento no ponto de ônibus
E parece que não estou fazendo nada
Estou te esperando
Quando rolo na cama
Deixo o café esfriar
A comida esquentar no fogo
Quem olha de longe pensa,
Que não estou fazendo nada
Mas estou te esperando
Porque a tua espera justifica o sono
O café
A comida
A banalidade do cotidiano
Ainda que não chegues nunca
Ou chegues torto
Pois a tua espera é toda a esperança
Todo o sonho
É quando eu sou criança
Nada finjo
Sou relógio
O tempo todo.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Constatação

Se a gente,
Tivesse noção do quanto a vida é urgente,
Morria,
Talvez de pressa,
Talvez de agonia.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Domingo


E foi assim. Decidi, logo no começo do dia, que não queria lhe ver. Coloquei o celular no silencioso para evitar as suas ligações. Não saí na rua para não te encontrar. Te neguei mil vezes antes do amanhecer. Mas olhei meu telefone antes de dormir e lamentei profundamente você não ter ligado. Deitei abraçada ao travesseiro e repassei a nossa história, minha história com outros, imaginei terceiros... Olhei novamente o celular e outra vez abracei o travesseiro, sonhando, lembrando, pensando antes do sono. Na sua ausência, pedi para o telefone me despertar 7:30 da manhã...    

Fraqueza



Porque não é só isso
Nem tudo isso
Não é tanto
Tampouco, é nada
Para muito, falta tanto.
Para aquilo, falta quase.
Para mais, falta coragem.
Para o fim, falta o impulso.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Gratuidades


Ele me disse na praia:
- Sabe quando você vê um bolo de chocolate muito bonito e imagina como deve ser gostoso. De repente a boca se enche de água e você só pensa no bolo, como deve ser o gosto, como deve ser...
Eu escutava em silêncio, na tentativa de ser educada. Mas enfim, não me contive:
- Eu não sou um bolo.
- Eu sei.
Ele sabia, eu sabia. E ambos tínhamos consciência da curiosidade mútua da prova. Horas depois... a constatação: Gostoso foi, mais não tanto. A sensação de culpa, de gula, excesso. Cheguei a hesitar, pois sabia que não tinha precisão. Mas tinha a vontade. Ou não tinha? Já não me lembro. Eu gosto de bolo de chocolate, assim como Raul gostava de maçã. E quem gosta de maçã irá gostar de todas porque todas são iguais. Ou não? Na ausência de respostas, começo a considerar seriamente a dieta como opção.