PANACÉIA DELIRANTE

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Tudo beleza


Decidi postar um comentário sobre um debate bastante frutífero do qual participei ontem. Como teria que passar a tarde inteira para escrever o que me pareceu mais significativo, coloco um poema (ou seria letra?) do Cazuza, O Homem Belo, e registro alguns comentários:


O homem belo anda na rua
E todo mundo olha
Homens, mulheres, velhos, crianças
E ele sabe que é belo
E tem um quê de maldade no olhar
Pode ser médico, advogado, engenheiro
Um homem sério, inteligente
Mas sabe que é belo e seduz de propósito
Homens e mulheres
Geralmente os mais narcisistas
Casam com mulheres feias
Os mais modernos, com gatas e gatos
Os mais caretas com a mãe
Mas o homem belo é mau



O poema estabelece uma relação entre moral e beleza. A crença de que “o que é belo é bom” já está enraizada em nosso inconsciente, embora essa estereótipo constantemente se mostre falso. De acordo com Cazuza, e comigo também, ao vermos um homem bonito pensamos:

- “Pode ser médico, advogado, engenheiro, um homem sério, inteligente”.

Ou seja, atribuímos outros atributos positivos ao caráter estético.

Por outro lado, o texto defende justamente o contrário. Ele afirma que o homem bonito é mau, que a beleza é um defeito moral, nascido não da beleza em si, mas da consciência de que se é belo:
“E ele sabe que é belo
E tem um quê de maldade no olhar”

“Mas sabe que é belo e seduz de propósito
Homens e mulheres”
O homem belo seduz indiscriminadamente, sem que haja necessariamente um interesse que justifique a sedução, seduz por seduzir.

Mas o homem belo é mau...

Calma aí Cazuza, que você não era de se jogar fora (antes da AIDS) !

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