PANACÉIA DELIRANTE

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Primeiro dia

Primeiro dia:

O aeroporto:

Duas e pouco da manhã, entro na sala de embarque. Ainda na fila para passar pelo detector de metais, observo o mural de azulejos que estava ao meu lado: uma coletânea de elementos da Capital, a Igreja do Senhor do Bonfím, baianas do acarajé, capoeiristas, frutas e... no meio de tudo aquilo, o rosto de Luis Eduardo Guimarães, desconecto, boiando no painel, estragando o desenho. Meu mau humor começou ali...

O avião:

Era um desses aviões de três acentos em cada lado. Havia pedido para ficar na janela, mas quando encontrei meu acento, ele estava ocupado por um adolescente. Ao seu lado, sua mãe, tia e ainda uma criança de colo. Cedi o lugar – não porque não queria separar a família, mas sim porque pensei na possibilidade de querer ir ao banheiro, ou falar com a aeromoça. Sentei perto do corredor. A criança de colo fazia barulho e sua mãe tentava controlá-la. Fiquei ainda mais mau-humorada, pensei em como crianças conseguem constranger seus pais e em certo momento cheguei a “achar Herodes natural”.

A senhora ao meu lado estava acompanhado do filho, acho que era a primeira vez que andava de avião. Em determinado momento tentou puxar assunto comigo, mas fingi que não havia escutado. Não estava com disposição para ser simpática.

Na hora prevista o avião decolou. Não há como ficar de cara feia quando se percebe que efetivamente uma maquina tão grande consegue voar (é sempre assim). Observei as “luzes da cidade”, fiz palavras cruzadas e cochilei...

Campinas (quer dizer, Barão Geraldo):

Quando coloquei meus pés no aeroporto, já estava mais alegre, mesmo com o frio que fazia. Terminei minhas palavras cruzadas e fui para a pousada. Dormi maravilhosamente.
Meio dia, Camila chegou. Tomamos banho e fomos almoçar. A fim de fazer a digestão, andamos pela cidade. Barão Geraldo é pequena, muitas casas e pracinhas. Encontramos um sebo. Depois de muito flertar com as prateleiras, comprei três livros:
• O anatomista
• Albert Einstein / Mileva Maríc – Cartas de amor
• Literatura comentada – Caetano Veloso
Agora, com a concorrência, vai ficar ainda mais difícil terminar de ler “Fazenda Modelo”.

O Lume:

A recepcionista da pousada errou o nome da rua, por isso passamos do ponto de ônibus e nos perdemos. Depois de uma longa caminhada, encontramos a casa com ares de chácara e paredes coloridas. Na sala, um tapete do mapa Mundi mostrando todos os lugares por onde o Lume já havia passado. Participamos de uma mesa redonda sobre o processo de criação do espetáculo comemorativo dos 25 anos do grupo: Os sonhos de Ícaro.
As falas dos atores, produtores e parceiros mexeu com minha cabeça. Em pouco tempo mal conseguia escutar o que estava sendo dito, pensava nos projetos pessoais, nas decisões a ser tomada... af!
Voltamos para a pousada quase vinte e uma horas da noite. Amanhã começa a oficina...
Fecho o diário.

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