PANACÉIA DELIRANTE

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Meu irmão

Quando Danilo tinha seis ou sete anos ele sofreu um acidente de bicicleta enquanto brincava com um amiguinho, Victor. Perdeu o controle numa ladeira, tadinho, bateu a cabeça num muro. Sangrou bastante, ficou uma cicatriz relativamente grande na testa (que depois ficou ainda maior, pois ele conseguiu machucar o mesmo lugar um tempo depois).
Alguns meses se passaram (ou seriam anos?) quando meu pai observando a face de meu irmão constatou que ele ainda tinha a marca na testa:
- Essa cicatriz não saiu ainda?
- Não. E eu nem quero que saia, pai. Por que com ela, sempre que eu me olhar no espelho, lembrarei no meu amigo Victor.
Ao contar-me essa história no domingo, meu pai frisou bem o MEU AMIGO VICTOR, para que a informação não viesse pela metade: Não era qualquer criança, não era qualquer amigo, era o SEU amigo Victor.
Danilo está agora com dezesseis anos e nunca mais viu seu amigo de infância. Interrompo essa escrita, vou até o sofá onde ele cochila e olho sua testa: discreta, eis a cicatriz!
E aqui estou eu quase chorando na frente do computador.