Hoje, escrevendo, lembro-me de quando meu pai me conta sobre meu primeiro dia de aula, na pré-escola:
Meu pai nervoso, coitado... a primeira filha – Ela nem fez três anos! As crianças ao redor choravam agarradas à mãe. Crianças mais velhas que eu, maiores que eu, que toda a vida fiz o estilo “mignon”.
Entram na sala. Era pouco antes da aula. Eu entro, olho aquela sala que me parecia enorme, fito meus pais apreensivos e...
- Tchau papai! – Corro e sento na mesinha já ignorando a presença dos dois.
- Essa aí não vai ter problemas de adaptação. Disse a professora.
Talvez tenha sido essa a minha maior demonstração de independência: aos dois anos de idade. Tento desvendar a origem de tanta bravura, pergunto-lhe:
- Ela nada responde, mas começa a cantar:
“Sabe, gente.
É tanta coisa pra gente saber.
O que cantar, como andar, onde ir.
O que dizer, o que calar, a quem querer.
Sabe, gente.
É tanta coisa que eu fico sem jeito.
Sou eu sozinho e esse nó no peito.
Já desfeito em lágrimas que eu luto pra esconder.
Sabe, gente.
Eu sei que no fundo o problema é só da gente.
E só do coração dizer não, quando a mente.
Tenta nos levar pra casa do sofrer.
E quando escutar um samba-canção.
Assim como: "Eu preciso aprender a ser só".
Reagir e ouvir o coração responder:
"Eu preciso aprender a só ser."
Gilberto Gil
Dedicado a Daniel Guerra, que me apresentou à “via negativa” que hoje faz tanto sentido para mim.
3 comentários:
http://www.youtube.com/watch?v=lZkDq4l4atM
agora só falta abandonar(se) tudo.
sobre nelson rodrigues:
um dia Dias Gomes disse que perguntou à um censor da ditadura: "porquê a minha peça é censurada e a de nelson rodrigues não é? ele também não é um transgressor?"
a resposta do Censor:
"Nelson Rodrigues não pe um transgressor. Neslon Rodrigues é apenas pornográfico. Não há muito perigo nele."
é de se pensar né?
Postar um comentário