PANACÉIA DELIRANTE

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A expectativa


Acho que a expectativa é a mãe de todos os males. Ou melhor, a avó. A mãe é a frustração.
Agente espera que o outro faça, diga, ou cale aquilo que nos convém. Queremos receber na mesma moeda e no caixa – ninguém quer deixar para depois. Mas o outro coitado, também espera milhares de coisas ou pelo menos compreensão.
- Compreensão está em falta hoje.
- Paciência tem?
- Acabou.
- Tem o quê?
- A memória está na promoção.
E lá estamos nós, lembrando de todos os feitos, jogando na cara do outro tudo o que nós fizemos , exigindo uma indenização de no mínimo, uma boa dose de remorso. O outro por sua vez também tem coisas a cobrar e tudo se transforma numa competição de quem cobra mais, quem grita mais e quem sai mais ferido.
Seria tudo tão mais simples se agente deixasse o outro ir. Cada pessoa deve experimentar a sua mais profunda plenitude de perceber que está no lugar em que se quer e da maneira de que se deseja; até mesmo os nossos sacrifícios devem vir de um desejo de se doar.
Já faz algum tempo que me esforço no exercício de amar o que as pessoas me oferecem e não o que eu acho que elas poderiam me dar, de pedir para elas ficarem mas sem exigir muito que permaneçam, de entender o afastamento e esperar pacientemente o retorno. Muitas vezes falho (e quem não falha?), mas eu tento.
Na minha casa tem um beija-flor azul que aparece muito freqüentemente na varanda no final da tarde. Nós não lhe damos água, nem mel ou qualquer coisa, acho que ninguém da minha família percebeu suas visitas, apenas eu, que lhe coloquei o nome de “Meu amor”. Sua presença passa praticamente despercebida, ainda assim ele volta.
Ele volta
Ele volta
Por que só quem vai pode voltar...

“Quem não agrada a si mesmo, não pode agradar ninguém”

3 comentários:

Anônimo disse...

Conheço uma moça que cometeu a estupidez de criar um blog.

Anônimo disse...

Penso que as vias de mão dupla são sempre muito mais perigosas. Às vias de mão única me parecem mais interessantes.

É muito chata essa ditadura da troca. Essa história do ir ser obrigatoriamente seguido de um voltar.

carlos alberto disse...

Nossa,

Hoje eu precisava ler isso.