PANACÉIA DELIRANTE

domingo, 11 de abril de 2010

Operária em construção

Agente começa a construir uma coisa. Por exemplo, imaginemos uma casa. Preparamos o terreno, fazemos a base, começamos a levantar as paredes, cuidamos da alvenaria com todo o carinho... Aí vem: pinta, lixa, ajeita a afiação, a tubulação, confere a ventilação, os telhados e todos os detalhes para que a casa fique impecável. Nada disso adianta, entretanto, se agente não se afastar da casa, não olhar de longe se as paredes estão retas, se as cores combinam, se o telhado está uniforme. Tão importante quanto o vínculo com a obra é o saber desvincular.

Quão importante é o saber se afastar (o modo e o momento)...

Se agente se apega demais, perde a visão do conjunto, fica alienado, iludido, preso na ideia da casa que se está construindo quando na verdade se está construindo uma outra coisa.

Se nos afastamos demais, perdemos os detalhes, não sentimos o cheiro da tinta, não nos sujamos com o cimento, não nos envolvemos, ficamos frustrados, pensando em como a casa deveria ser, sem aproveitar como ela está, seja para usufruir ou para aprimorar.

Esse negócio de construção é sempre complicado. Por mais que haja o esforço em se chegar ao término, não tem jeito: É TIJOLO POR TIJOLO.

Paciência.


(publicado pela primeira vez em 18 de fevereiro de 2009)

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