Eu costumo dedicar boa parte deste blog para falar de paixão: pelas pessoas, pelas coisas, lugares. Paixão como um estado de espírito a ser alimentado. Verdade, paixão é um dos sentimentos que mais me inquietam (acredito que a todos nós).
Mas existe outro que também me é arrebatador, mas no qual nunca falo: frustração.
Antes que alguém desprevenido pense que esse texto carrega em sim uma boa dose de rancor, advirto: Parece, mas não é. Já pensava em escrever algo sobre o tema antes, mas somente hoje me atrevo.
Frustração para mim é um dos sentimentos mais primitivos. O bebê o sente nos primeiros dias, quando abre os olhos e mãe não está lá. Frustração. A criança pede a atenção do pai sem sucesso. Frustração. Quando saio na rua e vejo uma criança chorando, fico impressionada: elas são capazes de uma frustração escandalosa: QUE O MUNDO SAIBA, FRUSTREI. Sim, por que para mim, quase todos os choros infantis são frustrações daquilo que deveria ter sido e não foi: o sol que não saiu, o doce que não veio, o brinquedo que quebrou.
Mas graças a Deus, agente cresce e para de sofrer por besteira, aprende que o inesperado acontece, que as más notícias chegam e que as pessoas não são obrigadas a agir como agente gostaria. Quase sempre.
Digo "quase" por que aparece de vez em quando a bendita e agente retrocede. Retrocede sim, a frustração faz agente voltar a ter cinco anos: somos tomados por uma emoção que embora não seja mais escandalosa, devido ao passar dos anos, é ainda mais patética. Choramos feito criança perdida em parque de diversões. A frustração carrega em si uma consciência biológica: somos apenas um ser, um punhado de moléculas mergulhadas num mundo grande. Grande e cheio de vontades...
Luas de cá, luas de lá...
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*(sobre a beleza dos encontros, sobre a beleza do teatro capaz de
transbordar fronteiras, tecer redes e teias lunares)*
*(por Camila) *
Enquanto nós, do...
Há 10 anos
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