PANACÉIA DELIRANTE

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Casmurra

Estou me tornando uma pessoa rabugenta. Seria a velhice chegando precocemente? Se chego num lugar aberto e começa a chuviscar:
- Quero ir embora.
A conversa ficou um pouco monótona?
- Quero ir embora.
As pessoas atrasaram?
- Adeus!
Com uma crescente facilidade, vai me dando uma saudade da minha casa, do meu quarto, da minha cama, do meu livro. Vou demarcando fronteiras, desenhando círculos cada vez menores. De repente, lá estou eu – em posição fetal sobre a cama.
O cachorro arranha a porta... Ignoro.
Apenas eu, no aconchego da minha solidão. Eu e os bares, os outros, a chuva, o atraso, a dúvida. A dúvida?
Tudo aquilo que deveria estar fora do meu quarto, levo comigo. Fantasio diálogos que nunca existirão, logo, já não estou mais no meu quarto. Não estou.
Certas coisas, não me deixam sozinha...


“Minha solidão não tem nada a ver com a presença ou ausência de pessoas… Detesto quem me rouba a solidão, sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia…”
Friedrich Nietzsche

Um comentário:

Eduardo Medeiros disse...

Lara, às vezes isso é normal né? Mas o recolhimento, a meditação são eficazes contra essa "rabugice". O que não pode é ficar na posição fetal e levar o mundo todo junto. Ali só deveria haver você e o útero silencioso do universo

abraços