PANACÉIA DELIRANTE

terça-feira, 15 de junho de 2010

Bráulio

Meu tio se chama Bráulio. Antes que continue a história, peço aos leitores, respeito ao parente e consideração ao nome que ele não escolheu. Pois bem.

Aconteceu que meu tio tinha uma amiga (chamarei de Lívia), que certo dia resolveu lhe fazer um telefonema.

Einstein afirmou que “Deus não joga dados com o universo”, logo, acontecimentos, como esse que irei contar, devem ser cuidadosamente planejados por uma equipe celestial especializada em fazer jogos de nossa humilde vidinha.

Lídia pegou o telefone e pediu para falar com Bráulio:
- Pois não?
- Aqui é Lidia, tudo bom? Blá blá blá, caixinha de fósforo.
- Que Lídia?
- Como, que Lídia?
- Não conheço nenhuma Lídia. Você ligou errado.
- Mas... Você não é Bráulio?
- Sim, mas sou o Bráulio errado. (Ok, nesse momento a narrativa poderia adquirir um duplo sentido, mas esse é um texto sério. Voltemos.)
- Que coincidência.
- Você pode até achar que sou maluco, mas me diga uma coisa: Quais as chances de você ligar para um Bráulio e outro atender? Não seria alguma armadilha do destino, para nos apresentar?
- Você acha?

Para encurtar o caso, o casalzinho marcou de se conhecer e começou um romance. Em que pé anda, eu não sei. O que gosto dessa história (que acredite, é real!) é que ela mostra claramente que, enquanto tentamos levar nossa vida com tanta seriedade, planejando os acontecimentos, nos perguntando o “por que” das coisas; o acaso faz piada com a nossa cara. Por isso que adoro surpresas, idéias loucas, atos estúpidos, bobagens. No fundo, a pessoa que te tira da rotina e lhe leva para a praia no meio do expediente é que pode salvar o seu dia, talvez a semana.

Sim, eu jogo dados com o universo. Aprendi com Vinicius de Moraes:


“A vida é a arte do encontro embora haja tanto desencontro pela vida”...

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