PANACÉIA DELIRANTE

segunda-feira, 1 de março de 2010

Falando em só-dade...


Para Ana Paula...

"(...)Macunaíma tornou a enfiar o tembetá no beiço. Então pensou muito sério na dona da muiraquitã, na briguenta, na diaba gostosa que batera tanto nele, Ci. Ah! Ci, Mãe do Mato, marvada que tornara-se inesquecível porque fizera ele dormir na rede tecida com os cabelos dela!...
"Quem tem seus amores longe, passa trabalhos trianos..." parafusou. Quê caborge da marvada!... E estava lá no campo do céu banzando nuns trinques toda enfeitada passeando brincando quem sabe com quem... Teve ciúmes. Ergueu os braços pro alto assustando os legornes e rezou pro Pai do Amor:

Rudá! Rudá! Tu que estás no céu E mandas nas chuvas.
Rudá! faz com que minha amada Por mais companheiros que arranje, ache que todos são frouxos! Assopra nessa marvada sodades do seu marvado! Faz com que ela se lembre de mim amanhã quando a Sol for-se embora no poente !...

Olhou bem pro ar. Não tinha Ci não, Capei só, gordanchona, tomando tudo. O herói deitou de comprido na igarité, fez um cabeceiro da gaiola e adormeceu entre maruins piuns muriçocas. (...)"

Trecho do livro Macunaíma de Mário de Andrade

Um comentário:

Ana Paula Brasil disse...

ai deu so-dade de macunaíma e de tu... obrigada meu duplo. belo trecho! Beijo!