PANACÉIA DELIRANTE

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Controle Remoto

Existe em mim uma necessidade de manter o controle, não sobre os outros, sobre mim. Autocontrole. Sob controle. Não se trata de um desejo de controle, muito pelo contrário. Agir impulsivamente tem sido um exercício nos últimos anos, um divertido jogo de dados frente ao espelho. O problema é quando os dados estão no chão, quando a resposta já existe independente de minha vontade.
Quantas vezes lancei dados, mas não tive coragem de abrir os olhos e descobrir o resultado? Quantos foram abandonados às pressas, no susto?
A busca do autocontrole deve vir de um sentimento de impotência, da ilusão de o que quer que façamos, é por escolha. Se quiséssemos – acreditamos - faríamos diferente. Mentira. A verdadeira capacidade de manter o controle em determinadas situações pode ser tão remota quanta à capacidade sair do eixo em outras. Explico: Tente correr de olhos vendados num espaço aberto e com outras pessoas. Essas estão de olhos abertos, podem se desviar de você, avisar de um obstáculo, não há perigo. Ainda assim o corpo não confia: agente até corre, mas receia.
Mais estranho ainda é quando notamos que não conseguimos não fazer alguma coisa. O desejo da coisa supera a vontade de não-fazer. Para justificar “a coisa” agente conta para agente mentiras, distorções, justifica fatos de forma tão frágil que se dissolvem em mil pedaços quando passa a febre. A febre da coisa.
Que delicia seria se os dados fossem viciados, se o resultado, independentemente do número, fosse sempre positivo. Par para quem gosta, ou ímpar. Infelizmente nunca aprendi a viciar dados e o espelho distorce tudo o que reflete.

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