PANACÉIA DELIRANTE

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Depois saberás

“- Muitas vezes, o significado de determinado acontecimento só aparece muito tempo depois do acontecimento em si. A causa de algo que ocorre só acontece a posteriori. A razão disso é muito simples: todos os processos têm uma coordenada temporal (...)

(...) – Só estou dizendo que há trezentos milhões de anos teria sido uma conclusão precipitada afirmar que a vida neste planeta era absurda, ou despropositada. O que é que acontece é que a finalidade ainda não havia tido tempo de florescer (...) 

(...) – Hoje somos nós que pertencemos à vanguarda, mas não chegamos à meta. Até daqui a cem, mil ou um milhão de anos não se saberá aonde estamos indo. Dessa maneira, o que acontecerá no futuro se transforma de certo modo na causa do que acontece aqui e agora (...)”

Os trechos aqui citados são fragmentos de um conto de Jonstein Gaarder que Hebe Alves me apresentou ainda durante a graduação. O nome do texto eu desconheço. Lembrei-me dele por esses dias, depois de bater muito a cabeça na parede em derrotadas tentativas de manter minha sorte e destino sob controle. Estranhamente, as “forças do universo” pareciam resistir bravamente a qualquer iniciativa minha, de maneira que tive que me reduzir à minha insignificante situação de jovem humana mortal que tenta organizar sua bagunça interna através deste modesto diário virtual.

Derrotada por fim, veio a rendição: desliguei o motor do barco, levantei a âncora e deixei o barco correr. Obedecendo a lei da gravidade, tudo se assentou (pelo menos aparentemente), boas surpresas surgiram e fiquei mais feliz – ou menos infeliz – mais tranqüila – ou conformada...

Sejamos então otimistas e acreditemos que existe um propósito nisso tudo. Mas... Sendo assim, existe então, Deus, uma força gestora? Tudo já está escrito? O futuro existe? 

Tudo o que sei é que nesta madrugada de segunda para terça eu estou cansada e por preguiça ou bom senso cito Leminski:

“Não discuto com o destino,

 O que pintar

Eu assino.”

          

              A conseqüência (ou causa) disso eu conto depois...  

 

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