PANACÉIA DELIRANTE

sábado, 15 de maio de 2010

Considerações sobre saudade

Saudade é uma coisa engraçada: é um sentimento que ando sentindo (e matando) bastante. Matei as saudades de Atire a Primeira Pedra, que voltou em cartaz, e de minhas amigas de infância, que encontrei hoje - agente não se via desde o início do ano.

Ao encontrá-las, a saudade – que deveria diminuir – aumentou! Esse curioso acontecimento me inspirou a traçar quatro características desse troço que nos persegue:

Primeiro: É um sentimento didático! Primeiro agente percebe o quanto a pessoa nos faz falta, damos um abraço quase agoniado, para finalmente a dor ser assassinada pela presença do outro.
- Vê se aprende e não desaparece de novo! – Diz a saudade
Mas, agente nunca aprende. E por isso, ela sempre dói.

Outra coisa: é um sentimento fantasioso: rapidamente descobrimos que sentimos saudade de outra pessoa, muito parecida com aquela com quem estamos, mas pintada pela memória e pelo afeto, dois especialistas na arte de iludir. Por sorte, sempre que encontro as meninas, acho-as ainda mais interessantes do que me lembrava (o que, infelizmente, não ocorre com todos).

Terceira coisa: É um sentimento confuso. Saudade é irmã (gêmea, mas não univitelina) do saudosismo. Sentir saudade do que se viveu com a pessoa, não é sentir saudades da pessoa, embora possa ser as duas coisas. Porém, acho bom tentar separar o joio do trigo, ainda que a título de reflexão.

Por fim, saudade não se mata. Se a esperança é a última que morre, saudade nem isso. Esta fica de herança para os que não ficaram nessa aventura terrena. O melhor exemplo disso sou eu, que já estou com saudades das meninas outra vez...

3 comentários:

Alice Cunha disse...

engraçado, vc já percebeu que de quando em vez todo mundo decide falar da mesma coisa? acho q pra nós artistas isso fica bastante claro, pq estamos sempre em contato com obras q normalmente diz muito do q se pensa e do q se é.
pois é, esta acontecendo de novo. a saudade é o tema da vez. cada um falando dela de acordo com sua experiência (q bom!). mas todo mundo ta falando.
passei por alguns blogs hj, e em muitos li saudade. assim como hj está escrito em mim tb.
saudade

Eduardo Medeiros disse...

Lara, adorei tua frase

"Ao encontrá-las, a saudade – que deveria diminuir – aumentou..."

e não é que acontecesse mesmo isso!!!

Monique Monteiro disse...

Gostei da separação entre saudade e saudosismo. Falou com razão.
Um beijo!