PANACÉIA DELIRANTE

segunda-feira, 16 de março de 2009

A menina e o espelho


A menina parou diante do espelho do banheiro. Estava nua e percebeu uma erupção na região do seio. Poderia ter gritado pela mãe como faria a maioria das crianças, mas ao invés disso ficou mexendo naquele montinho. Era a novidade do dia, um morro no seu corpo. Nunca tinha tido furúnculo, nem sabia que isso existia, por isso achava graça da descoberta. Mexeu aqui, mexeu colá e de dentro de si começou a sair um pus acidentado com um pouco de sangue. Vocês pensam que ela se assustou? Que nada! A menina apertou-se com ainda mais força, se divertindo com a podridão que saía dela. Viu dentro de si o desconhecido, alguma coisa que queria aflorar. Não pensou no sangue que escorria, nem na possibilidade de cicatriz, só tinha olhos para o fluxo. Apertou e apertou até ter a certeza de que nada mais iria sair. Entrou no chuveiro e tomou um gostoso banho. Seu corpo cheirava a sabonete, nunca se sentiu tão limpa. Guardou para si este segredo e encontrou nisso especial prazer, vestiu a roupa e dormiu rapidamente.

Que inveja das crianças que não sabem sentir culpa!

Um comentário:

Rayara disse...

Que inveja das crianças que não sabem sentir culpa!