PANACÉIA DELIRANTE

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Medo



               É que tenho muito medo de perder o controle das borboletas, seu vôo. Para onde, para quando? Me aterroriza, óbvio.  É por isso que deixo a porta sempre aberta, para não morrer a possibilidade de fuga. Mas quando você me virou as costas, de alguma maneira escutei  o barulho da porta batendo  e entrei em pânico. Olhei ao meu redor e não encontrei uma janela para onde pudessem ir as borboletas.
                É que tenho muito medo de perder minhas borboletas, suas cores, sua eterna procura por alguma flor que pode nunca chegar. Quando escutei a batida da porta, te imaginei do lado de fora, deixando a sala vazia, sem flor, sem borboleta, sem porta, sem nada.
                Somente quando olhei para trás e vi a porta encostada, que comecei a compreender o quanto se inventa com medo da perda. E da mesma maneira como não havia porta trancada, talvez não haja flor, nem vôo, nem borboleta para perder . De onde viria esse medo, então, para onde quer me levar, para onde não me deixa ir? Na ausência de resposta, apenas sigo as possíveis borboletas.
 Isto é, quando as encontro.


Já tive tanto medo de azul, que só saía de casa em dia de céu nublado



O medo é a medida da indecisão
(Lenine)

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