PANACÉIA DELIRANTE

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

croniquinha para o futuro

Hoje, subindo do ônibus, o ladrão levou meu celular.
Levou junto suas fotos, as mensagens, os registros de chamadas perdidas. Na agenda, ficou seu telefone, ainda naquele apelido. Agora tudo corre, já no bolso do menino.
Vai trocar por uma lata
Um pacote
Uma dose.
Vão dizer :
- Não vale nada.Tá velho. Não tem câmera.
Já vejo o menino chingando:
- Vadia.
Tudo isso acontecendo muito longe do meu apartamento, de onde ligarei para bloquear o aparelho. O celular já é passado.

- E você?
 
2010

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A Seta e o Alvo

Eu falo de amor à vida,
Você de medo da morte.
Eu falo da força do acaso
E você de azar ou sorte.

Eu ando num labirinto
E você numa estrada em linha reta.
Te chamo pra festa,
Mas você só quer atingir sua meta.

Sua meta é a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.
Eu olho pro infinito
E você de óculos escuros.

Eu digo: "Te amo!"
E você só acredita quando eu juro.
Eu lanço minha alma no espaço,
Você pisa os pés na terra.

Eu experimento o futuro
E você só lamenta não ser o que era.
E o que era?

Era a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu grito por liberdade,
Você deixa a porta se fechar.
Eu quero saber a verdade
E você se preocupa em não se machucar.

Eu corro todos os riscos,
Você diz que não tem mais vontade.
Eu me ofereço inteiro
E você se satisfaz com metade.

É a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa não te espera!

Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?

Sempre a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?

domingo, 9 de outubro de 2011

A ARTE DE AMAR

 Há um ano, eu dediquei esse poema a meu grande amigo Anderson. Lembrei disso hoje. E como eu ainda acho mais que digna a homenagem, e como o poema ainda me arrebata, me desconcerta, o posto de novo.  É sempre bom reviver o que é bom...


Manuel Bandeira

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus – ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Travesseiro

Travesseiro
Consolo para quem não possui um eco pro Boa Noite!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Carta número 23




Meu bem,
                Escrevo agora, em tom de confissão, para não te contar os detalhes do ocorrido: Sonhei contigo! Desenterrei uma saudade tão finda, que precisou ser reinventada. Levantei num longo suspiro e entrei no banho, fugindo do teu cheiro:
                Sabonete                                       
                               Xampu
                                               Hidratante
                                                                              Desodorante
                                                                                                                             Perfume...
                Te neguei e te afirmei durante todo o dia e fui dormir no mesmo suspiro que me tirou da cama. Nosso encontro fortuito me encheu de falsa alegria, uma alegria solitária, tão egoísta que não te telefonei para contar do sonho e nem tampouco o revelo nesta carta. Fugi de ti para prolongar meu engano. E se te evito no real, no sono te chamo.