PANACÉIA DELIRANTE

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Outra poesia de outra

Dedicada a mim mesma, que ando com vontade de escrever, mas a pena me nega. Enfim, este poema está em "Cadernos Negros" e fiquei pensando muito nele ontem. Agora penso que ele casa com diversas tantas outras  coisas que ainda permancem bagunçadas, embora mais calmas. Não disse nada, mas tudo bem. Vamos de poesia:
T e r e z i n h a
T a d e u

RUÍNAS
Tu estarás nos meus versos,
deitada, espichada,
louca, louca... ofegante
abraçada em trapos.
Tu estarás nos meus versos,
despenteada, sonolenta,
enrolada no lixo
que te cerca.
Tu estarás com as mãos em concha,
no gesto de molhar o rosto
na poça fétida.
E as ruínas
de todos os lados,
a abrigar restos de comida,
emolduram insetos esquecidos.
Tu estarás, sim,
nas páginas de um jornal
que serve como cama aos cães
e a outros como tu.
No peito de uma mãe
que não adivinhou tal sorte.
Na angústia do poeta
de te querer salva.
Tu estarás no meu livro,
vertical ou horizontal
tu estarás nos meus versos.
E se não te salvo... te verso!

Nenhum comentário: