Na praia aqui em frente venta tanto que à noite, sob a luz dos postes urbanos, dá para ver o salitre lambendo a cidade.
Nuvem de sal, neblina.
Se me deixo ficar à janela, o mar me sopra um beijo, meus lábios ficam salgados.
O salitre insiste em invadir o apartamento, quebrar a televisão, o rádio, os computadores. Enchente de sal e seus prejuízos.
Mas neste momento, do escuro do meu quarto, na ausência de automóvel, escuto o som do mar me chamando para dormir.
Minha cantiga tem cheiro e gosto.
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