PANACÉIA DELIRANTE

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Hoje por um momento tudo pareceu perfeito. Deus preserve meus olhos turvos para ver tais aparências.

texto com defeitos

Sabe o que descobri¿
Que meu piloto automá-tico está com ddefeito
Enquanto pairo disTRaída
Saio d linha, ando em círculos, suBo de mais, caio bruscamente.
Sim, sou capaz dessas coisas.
Não é maldade, é mera distração – digo.
Mentira – diz a voz que vem de fora (e de dentro também)

domingo, 28 de junho de 2009

Perna bamba


Ando na rua e encontro um mendigo
Sinto um calafrio
Atravesso a rua.
Pressentimento ou Preconceito?
Entre os dois uma linha fina, fina
E agente se equilibrando nesta corda banba...
Caindo sempre para um dos lados.

sábado, 27 de junho de 2009

É preciso muita estrada...
Muito chão
Muita espera
Ônibus perdido
Ônibus quebrado
Frio e calor
É preciso ver gente, ouvir gente
É preciso respirar diferente
É preciso musica nova
Colchão novo
É preciso uma boa dose de realidade,
Mas não a de sempre, por favor.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Façamos


Isso aconteceu ontem. Passava pelos corredores da Escola e os meninos do módulo I cantavam "Façamos".
Puxa, eu adoro essa música!
Eu gosto muito do módulo I, da frescura do módulo I. Ao passar dos semestres agente vai pegando um... não sei, "ranço acadêmico". Semestre após semestre agente vai crescendo e a Escola parece cada vez menor a ponto de se tornar para alguns - não eu - uma roupa que não veste mais. A Instituição que para mim sempre foi acolhedora, e ainda é, vai mostrando que também sabe ser mesquinha, tacanha. Dialética em todos os níveis, pois não é paredes que é feita, é de gente e por isso as coisas tendem a ser tão insuportavelmente passionais.
Mas voltemos à música, Vamos amar:


Os cidadãos no Japão fazem
Lá na China um bilhão fazem
Façamos, vamos amar

Os espanhóis, os lapões fazem
Lituanos e letões fazem
Façamos, vamos amar

Os alemães em Berlim fazem
E também lá em Bonn
Em Bombaim fazem
Os hindus acham bom

Nisseis, níqueis e sansseis fazem
Lá em São Francisco muitos gays fazem
Façamos, vamos amar

Os rouxinóis nos saraus fazem
Picantes pica-paus fazem
Façamos, vamos amar

Uirapurus no Pará fazem
Tico-ticos no fubá fazem
Façamos, vamos amar

Chinfrins, galinhas afim fazem
E jamais dizem não
Corujas sim fazem, sábias como elas são

Muitos perus todos nus fazem
Gaviões, pavões e urubus fazem
Façamos, vamos amar

Dourados no Solimões fazem
Camarões em Camarões fazem
Façamos, vamos amar

Piranhas só por fazer fazem
Namorados por prazer fazem
Façamos, vamos amar

Peixes elétricos bem fazem
Entre beijos e choques
Cações também fazem
Sem falar nos hadoques

Salmões no sal, em geral, fazem
Bacalhaus no mar em
Portugal fazem
Façamos, vamos amar

Libélulas em bambus fazem
Centopéias sem tabus fazem
Façamos, vamos amar

Os louva-deuses com fé fazem
Dizem que bichos de pé fazem
Façamos, vamos amar

As taturanas também fazem
com um ardor incomum
Grilos meu bem fazem
E sem grilo nenhum

Com seus ferrões os zangões fazem
Pulgas em calcinhas e calções fazem
Façamos, vamos amar

Tamanduás e tatus fazem
Corajosos cangurus fazem
Façamos, vamos amar

(Vem com a mãe)

Coelhos só e tão só fazem
Macaquinhos no cipó fazem
Façamos, vamos amar

Gatinhas com seus gatões fazem
Tantos gritos de ais
Os garanhões fazem
Esses fazem demais

Leões ao léu, sob o céu, fazem
Ursos lambuzando-se no mel fazem
Façamos, vamos amar
Façamos, vamos amar

terça-feira, 16 de junho de 2009

Se você é homem nem leia.


Eu nunca havia presenciado uma cólica assim:
Ela tremia deitada no sofá quando cheguei para assistir à aula, já havia vomitado duas vezes. O remédio não conseguia chegar ao organismo, era expulso sem misericórdia. Eu sinceramente achei que era caso de internação, mas ela não quis.
Uma funcionária que havia prestado o primeiro socorro discursou para a platéia feminina que assistia à adoentada:
- As pessoas precisam entender que as mulheres são fisicamente mais frágeis que o homem. A menstruação é um aborto mensal. Vocês sabem o que é isso ? Abortar todo o mês ? É uma agressão ao corpo. Ainda assim a mulher tem que fazer tudo o que o homem faz e ainda tem que se manter bonita.
De início a fala da funcionária me perturbou negativamente – que mulher reacionária! – pensei. Passadas algumas horas, vendo algumas amigas reclamando de cólica e lembrando de mim mesma deitada no chão com as mãos sobre o ventre, penso:
Que lindo seria se nossa cultura houvesse o respeito, quem sabe até o “culto”, ao ciclo. Já imaginou:
• Licença Menstruação: não precisaríamos sair de casa.
• Bolsa Menstruação para absorvente, atroveran e chocolate.
• Desconto na locadora.
• Massagista de graça
É duro admitir, mas meu feminismo sucumbe na primeira TPM, retenção de líquidos, formigamento nas pernas, cólica. Passo de feminista a ULTRAFEMINISTA: Não quero direitos iguais! Quero mais! Por uma política condizente com as diferenças biológicas! Mulheres precisam de tratamento especial! Mulheres no poder! Mulheres no poder!

sábado, 13 de junho de 2009

Homenagem atrasada

Ontem foi dia dos namorados, mas eu não pude escrever nada a respeito. Senti vontade de publicar dois textos, ambos um tanto batidos, mas que valem a pena. Sei que colocar textos sobre namorados no dia dos namorados paodasrece piegas, e é, mas que se dane: Todas as cartas de amor são ridículas. O outro texto é "Ter ou não ter namorado", de
Carlos Drumond de Andrade

Ps: "Todas as cartas de amor são ridículas" pertence a Álvaro de Campos

Ter ou não ter namorado

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção.
A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira:
basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes,
dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas,
medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.
Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade,
ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.
Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas,
de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia,
ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico
ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não
gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas
e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele;
abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança
e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas,
beira d’água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado que confunde solidão com ficar sozinho e em paz.
Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo
e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada.
Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.
Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e,
de repente, parecer que faz sentido.

todas as cartas de amor são ridiculas

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Vitória

Existem vitórias que são quase um segredo,
Não adianta contar, que não vão enternder
Nem gritar, que não ninguém vai ouvir
Exitem conquistas que devem ser sussurradas junto ao travesseiro antes de dormir, pois se equivalem a um beijo de boa noite...

sábado, 6 de junho de 2009

Estrear sempre é um milagre.
Canta daí Caetano canta.
Canta que eu canto daqui.
Teatro é musica para os olhos.

Estrear sempre é um milgre...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Casa da minha alma.


Um dia desses eu escutei uma entrevista de Tom Jobim no DVD de Chico Buarque, aquele da Directv. Nela Tom comentava alguma coisa sobre a dificuldade da vida de artista. Em determinado momento ele comenta:
- Pra piorar eu ainda sou sindico de mim mesmo. Tudo sou eu! Tudo é comigo! Se falta pão, eu que tenho que resolver, se quero uma coisa eu que tenho que comprar. É difícil.
Tem razão Tom. Esse negócio de se auto gerir dá muito trabalho. Agente já tem que gerir tanta coisa que o condomínio aqui acaba ficando mal – administrado. Só dá tempo de constatar – “isso está bom”, “isso está mau” – resolver já são outros quinhentos. Tem dias que “cuidar de mim” é comer uma coisa gostosa ou tomar um banho gostoso ao final do dia. Aí agente fica reclamando , reclamando, desconta na comida, fica estressado, ganha espinha tem um aneurisma e morre. Fim da história. Pode não:
Preciso aumentar a mensalidade do condomínio.